O LADRAR DO MERDOCK

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(em cima)


Não se assustem com o ladrar do Merdock.
Ele só embirra com polícias, guardas fiscais,
guardas republicanos e outras fardas!...



domingo, 29 de abril de 2007

DEPOIMENTO (3)

O CÃO MERDOCK, NO TAPETE MAIS FOFO DO LICEU

Nota prévia:
Neste texto são omitidos nomes de pessoas (até parece ficção, excepto o Merdock).

Naquele tempo, nos corredores de um liceu da cidade de Faro, passeava-se um senhor que se julgava todo poderoso e que, com aspecto grave e austero, dizia:
- Em defesa dos bons costumes e dos meus ideais, no liceu não entram cães rafeiros sem coleira ou açaime e, nem sequer os alunos mais graduados, ou da mocidade pró-gatesa, podem namorar nas suas instalações ou imediações.
O assunto dos namoros já foi referido, em termos mais explícitos, nos depoimentos anteriores (sem reacções discordantes ou desmentidos).
O assunto dos cachorros teve outro desenvolvimento. Quando vários jornais relevaram a generosa acção dos alunos do liceu, por terem libertado do canil um cão, de seu nome Merdock, e os alunos foram galardoados pela Sociedade Protectora dos Animais, o dito cujo senhor terá gostado dos elogios e passou a permitir que, o dito cujo cão, entrasse no liceu e se deitasse no fofo tapete colocado à porta do seu gabinete.
Alguns alunos, do grupo pró-Merdock, ainda se lembram de ter visto o dito senhor a alçar a perna, quando saía ou entrava no gabinete, para não perturbar o sono reparador do animal.

A memória desvanece-se com o tempo mas, ainda hoje, restam dúvidas sobre a natureza do Merdock. Seria um cachorro de índole amigável ou um animal feroz?
As narrativas que circulam a seu respeito poderão configurar simples branqueamento da estória ou pura ficção residual no imaginário de alguns estudantes...
.ino
TóZé Brito (finalista, no princípio dos anos 60)

quinta-feira, 26 de abril de 2007




1957/58


2º ano Turma E






1957/58

4º ano Turma B

Uma turma mista!

Aleluia!

Ano lectivo de 1957/58, o ano em que eu fui às sortes prá tropa! Os meninos e as meninas do 4º ano, são da época do Merdock. Deveriam frequentar o primeiro ano, talvez o segundo, aquando da libertação do cachorro. Agora as miuditas do 2º ano, andavam ainda na primária. Mas, dado o eco desses acontecimentos, ou talvez por irmão ou irmã mais velha, já no Liceu, devem ter memória desses factos, ou mesmo lembrança visual do próprio Merdock. Seria interessante que alguém, ou eles ou elas próprias se reconhecessem.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

AINDA A GERAÇÃO MERDOCK



ÉPOCA DE 57/58

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4ºano

Turma A

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3ºano

Turma B

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Talvez o Mário Tanganho ou o Emanuel reconheçam alguns destes moços. Deveriam andar pelo 1º ou 2º ano, quando se deu o desfile, Avenida abaixo, com grandes cartazes exigindo liberdade para o cão Merdock. Se assim for, esses antigos alunos, de certo que se lembram com emoção, dessa extraordinária jornada de solidariedade e afirmação perante os opressores poderes instituídos.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

O MERDOCK EM PESSOA

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Na fotografia está o Merdock, no meio duma turma, creio que do 6ºano, em 1954. Veja-se o seu ar garboso e compenetrado, como que adivinhando que, 50 anos depois, haveria de pontificar na Internet e ser conhecido por gente de todo o mundo!
E isto é verdade. Têm vasculhado as páginas deste blog, brasileiros, americanos, holandeses, espanhóis, argentinos, suecos, australianos (só para citar alguns), e até chineses!
Bem. Os americanos devem andar à cata de petróleo ou a ver se descobrem o Bin Laden. Mas aqui não se safam… daqui não levam nada!
Já no que respeita aos chineses, talvez não seja muito para admirar. Podem ser de Macau. Tenho esperança de que o Pedro Vieira, engenheiro, por acaso natural de Faro, seja um deles. Vive aí há muitos anos e até casou com uma chinesa. Os restantes, bom… certamente que se enternecem com histórias de animais simpáticos, como nós.
Dos outros apenas reconheço o José Nascimento, engenheiro da EDP e presidente da Casa do Algarve em Almada, autor do prefácio do livro Merdock, um cão em Faro, nos anos 50. E o Picanço, dilecto amigo do Merdock, que foi professor e hoje é escultor de nomeada, na capital dos Algarves.

Há por aí quem reconheça os outros?

domingo, 15 de abril de 2007

A ERA MERDOCK

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Tenho acompanhado com muito interesse a evolução dos depoimentos, comentários e dicas que têm aparecido no Blog "Merdock".
As narrativas sucedem-se e, por vezes, uma palavra, uma data, um nome, um acto, espoleta uma outra narrativa que, a propósito, nos vem à memória.
Agradeço que façam chegar ao excelente coordenador deste Blog esta pequena participação. Só não a introduzi directamente (não é que não saiba e, também ainda não me esqueci) só para não perturbar o "timing" e/ou a "precedência", face a outras soberbas contribuições que já estão a surgir, com regularidade.
Soma e segue.
- Naquele tempo (Era do Merdock, e não eram só os estudantes que gostavam de namorar), até havia um professor namoradeiro, que preferia ver-se rodeado por meninas do que por insubordinados.
De seu nome Eudoro, dava aulas de Religião e tinha a virtude de transmitir boa disposição, para além da Moral que nos pregava (qual Frei Tomás em versão de modernidade).
Um dia, a um aluno do tipo impertinente, o senhor respondeu:
"Não me confundas com essa estória das eras" e mais acrescentou, com ar sério.
- A Cristo o que é de Cristo. Ao Merdock, o que é do Merdock.
Julgo que esta dica foi registada, por alguns dos presentes, e passou à história para contar aos nossos netos no estilo:
Era uma vez um cão....

Palma Moreira

quarta-feira, 11 de abril de 2007

PEDAGOGIA – 2

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ERA ASSIM NA ÉPOCA DO MERDOCK

Decorria, no Liceu de Faro, o ano lectivo 1957/58.
Assistíamos a uma aula de Ciências Naturais, concretamente, Botânica.
Devo esclarecer que, naquela época, a disciplina de Ciências Naturais era composta por Mineralogia, Zoologia e Botânica.
Por ordem da "stôra", cada aluna era portadora de um exemplar de uma planta, flor ou afim, para ser estudada na prática, tendo por base o que já havia sido dado em teoria.
De entre algumas das amostras do reino vegetal que foram apresentadas, uma despertou a minha atenção pelo que, com natural espontaneidade, disse à colega mais próxima: "Olha esta, que gira..."
Nesse momento fui interpelada pela "sotora", de forma abrupta:
“Menina, GIRA é linguagem de garoto da rua” e, mantendo um ar quase escandalizado, acrescentou em tom austero e repressivo:
"Na próxima aula vai trazer a seguinte frase, escrita 50 vezes"
- Não se diz gira, porque é linguagem de garoto da rua.
Acrescentou ainda "qui scribit, bis legit", que logo traduziu como "quem escreve, lê duas vezes" (primeiro no pensamento, depois no papel).
Não gostei da "forma" mas, nunca mais me esqueci do "conteúdo" desta frase (que ensinei aos meus filhos e vou repetir à minha neta)

Zézinha Passiva (de Loulé)
Merdock era um cão singular
e deu origem, em Faro,
a uma extraordinária
manifestação de solidariedade
que culminou na sua libertação.
Aqui se relembram
os factos e as personagens
envolvidas.
Veja também o meu blog de poesia