O LADRAR DO MERDOCK

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Não se assustem com o ladrar do Merdock.
Ele só embirra com polícias, guardas fiscais,
guardas republicanos e outras fardas!...



terça-feira, 28 de abril de 2009

O PÓS MERDOCK

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AS INFLUÊNCIAS DO MERDOCK

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Ressalvando qualquer comparação abusiva, é curioso notar que, como disse publicamente o Professor da Universidade do Algarve, Vilhena Mesquita, a manifestação em favor do Merdock
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foi a primeira não autorizada e não reprimida pela Polícia”.
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Talvez por ser a primeira, não foi reprimida - digo eu.
Estávamos em 1954, em Faro.
Na verdade, algum tempo depois dessa inesquecível manifestação exigindo LIBERDADE para o Merdock (uma palavra proibida de pronunciar e muito menos de ostentar em cartazes), o ditador da nação escrevia o seguinte:

Nos últimos tempos, a polícia tem manifestado a sua grande preocupação acerca da captação muito intensa de estudantes para as organizações comunistas. Rapazes e raparigas das melhores famílias, tanto de bens como de formação moral, aparecem enredados nessas organizações”.
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......Carta de Salazar a Craveiro Lopes em 20 de Dezembro de 1955.
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As Associações de Estudantes, desse tempo (e convém aqui salvaguardar que elas eram do âmbito das Universidades, não dos Liceus), começaram a preocupar-se com os problemas sociais e económicos, a assistência médica, o alojamento e o futuro emprego, dos estudantes.
Os movimentos MUD juvenil, JUC, JUCF e CADC, preocupavam-se também com a cultura e promoviam o chamado "Turismo Universitário" que levava os estudantes ao estrangeiro, abrindo-os assim, para realidades inexistentes em Portugal. De tudo isto resultou "A crise estudantil de 56/57" e, na sequência "A crise de 1962". E (convém lembrar), muitos daqueles que em Faro apoiaram o Merdock, eram estudantes universitários, em 56/57.
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Os pressupostos que levaram a essa crise de 1962, eram basicamente os mesmos que presidiam às reivindicações em Bekerley, nos Estados unidos, em 1961 e que acabaram por transformar-se num poderoso e imparável movimento cívico que conduziu à retirada e à derrota desse país, na guerra do Vietnam. O Maio de 68, como se sabe, também começou por ser um movimento de contestação de estudantes de Paris.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O LIVRO

ÚLTIMOS PARÁGRAFOS DO LIVRO MERDOCK (3ªedição)
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(...) A harmonia da generosidade desprovida, é intemporal, mas terrena. Sofrida, feita de paixão, humana.
Porventura, um dia, haverá outros cães a ostentar garbosamente o seu nome, o seu símbolo de liberdade.
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No dia seguinte, tudo voltaria à rasteira normalidade, à paz podre desses dias. Ou assim parecia. O amanhã não será jamais igual ao tacanho e melancólico dia de ontem, se for essa a vontade de todos, ou duns poucos, que seja.
Só muito mais tarde, bem depois dos apaixonados acontecimentos de que aqui deixo um modesto relato, o Merdock entraria no reino do mito e suscitaria a memória do tempo.
E é por isso que a sua história - a sua gesta, propriamente dita -, a partir daqui, deixa de ter significado ou interesse, para aqueles que não o conheceram, de perto.
Os seus ossos não repousam em parte alguma, como não repousam em parte alguma os restos de todos os outros cães anónimos, animais menores de todos os tempos, como os homens e mulheres de todas as idades e gerações, que morreram para sempre, sem deixar rasto.
O final da história só diz respeito àqueles (poucos) que verdadeiramente foram seus amigos.
Não a vou contar, porque só a esses interessa o que aconteceu depois. E só esses ainda hoje relembram e recordam estes episódios, com a saudade que se tem daqueles por quem se teve afeição, ou de quem se gostou, na vida...

domingo, 5 de abril de 2009





















Pela módica quantia de 2 escudos, o Merdock adquiriu a chapa de matrícula, para para ser colocada na coleira e poder circular, no país. Menos que um maço de tabaco que, creio, custava 29 tostões!
Merdock era um cão singular
e deu origem, em Faro,
a uma extraordinária
manifestação de solidariedade
que culminou na sua libertação.
Aqui se relembram
os factos e as personagens
envolvidas.
Veja também o meu blog de poesia