O PIROLITO
Nos anos 50, época do Merdock, o pirolito era
das poucas bebidas engarrafadas que existiam no país. Na classe das
bebidas não alcoólicas, pouco mais havia, para além de gasosas e
laranjadas, todas elas gaseificadas artificialmente. Custava uns dez
tostões numa taberna e uns doze, num café. Além da água, continha ácido
cítrico, gás carbónico e pouco mais.
O pirolito, muito popular entre os mais jovens, tinha uma particularidade interessante.
A
garrafa não tinha uma rolha, propriamente dita. Para cumprir a mesma
função havia um berlinde que vedava a saída do líquido e do anidrido
carbónico. O berlinde era fortemente empurrado, pela pressão do gás,
contra um anel de borracha que se encontrava no gargalo da garrafa. Para
abrir, bastava um pauzinho na vertical e uma pancada, de modo a romper a pressão.
Para
os mais novos, contudo, o mais importante não era a bebida, mas sim o
berlinde. Era muito procurado e era transacionado entre a miudagem, por dois tostões, em vez do tostão
que custavam os outros.
Depois
vieram bebidas estrangeiras, mais caras, com rótulo reluzente e nome
estrangeirado (uma delas a imitar o gosto do pirolito), mas sem lhes
"chegar aos calcanhares". E, como quase sempre assim tem sido, o
pirolito foi destronado!...