ÚLTIMOS PARÁGRAFOS DO LIVRO MERDOCK (3ªedição)
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(...) A harmonia da generosidade desprovida, é intemporal, mas terrena. Sofrida, feita de paixão, humana.
Porventura, um dia, haverá outros cães a ostentar garbosamente o seu nome, o seu símbolo de liberdade.
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No dia seguinte, tudo voltaria à rasteira normalidade, à paz podre desses dias. Ou assim parecia. O amanhã não será jamais igual ao tacanho e melancólico dia de ontem, se for essa a vontade de todos, ou duns poucos, que seja.
Só muito mais tarde, bem depois dos apaixonados acontecimentos de que aqui deixo um modesto relato, o Merdock entraria no reino do mito e suscitaria a memória do tempo.
E é por isso que a sua história - a sua gesta, propriamente dita -, a partir daqui, deixa de ter significado ou interesse, para aqueles que não o conheceram, de perto.
Os seus ossos não repousam em parte alguma, como não repousam em parte alguma os restos de todos os outros cães anónimos, animais menores de todos os tempos, como os homens e mulheres de todas as idades e gerações, que morreram para sempre, sem deixar rasto.
O final da história só diz respeito àqueles (poucos) que verdadeiramente foram seus amigos.
Não a vou contar, porque só a esses interessa o que aconteceu depois. E só esses ainda hoje relembram e recordam estes episódios, com a saudade que se tem daqueles por quem se teve afeição, ou de quem se gostou, na vida...
1 comentário:
caríssimo amigo!
só este melodioso latir para me fazer sentir aliviado da crise!
mas que maravilha o latir merdockiano! quiçá um dos mais dignos....digo eu!
um abraço
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