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Ressalvando qualquer comparação abusiva, é curioso notar que, como disse publicamente o Professor da Universidade do Algarve, Vilhena Mesquita, a manifestação em favor do Merdock “foi a primeira não autorizada e não reprimida pela Polícia”.
Talvez por ser a primeira, não foi reprimida - digo eu.
Estávamos em 1954, em Faro.
Na verdade, algum tempo depois dessa inesquecível manifestação exigindo LIBERDADE para o Merdock (uma palavra proibida de pronunciar e muito menos de ostentar em cartazes), o ditador da nação escrevia o seguinte:
Talvez por ser a primeira, não foi reprimida - digo eu.
Estávamos em 1954, em Faro.
Na verdade, algum tempo depois dessa inesquecível manifestação exigindo LIBERDADE para o Merdock (uma palavra proibida de pronunciar e muito menos de ostentar em cartazes), o ditador da nação escrevia o seguinte:
“Nos últimos tempos, a polícia tem manifestado a sua grande preocupação acerca da captação muito intensa de estudantes para as organizações comunistas. Rapazes e raparigas das melhores famílias, tanto de bens como de formação moral, aparecem enredados nessas organizações”.
......Carta de Salazar a Craveiro Lopes em 20 de Dezembro de 1955.
As Associações de Estudantes, desse tempo (e convém aqui salvaguardar que elas eram do âmbito das Universidades, não dos Liceus), começaram a preocupar-se com os problemas sociais e económicos, a assistência médica, o alojamento e o futuro emprego, dos estudantes.
Os movimentos MUD juvenil, JUC, JUCF e CADC, preocupavam-se também com a cultura e promoviam o chamado "Turismo Universitário" que levava os estudantes ao estrangeiro, abrindo-os assim, para realidades inexistentes em Portugal. De tudo isto resultou "A crise estudantil de 56/57" e, na sequência "A crise de 1962". E (convém lembrar), muitos daqueles que em Faro apoiaram o Merdock, eram estudantes universitários, em 56/57.
Os pressupostos que levaram a essa crise de 1962, eram basicamente os mesmos que presidiam às reivindicações em Bekerley, nos Estados unidos, em 1961 e que acabaram por transformar-se num poderoso e imparável movimento cívico que conduziu à retirada e à derrota desse país, na guerra do Vietnam. O Maio de 68, como se sabe, também começou por ser um movimento de contestação de estudantes de Paris.
Os movimentos MUD juvenil, JUC, JUCF e CADC, preocupavam-se também com a cultura e promoviam o chamado "Turismo Universitário" que levava os estudantes ao estrangeiro, abrindo-os assim, para realidades inexistentes em Portugal. De tudo isto resultou "A crise estudantil de 56/57" e, na sequência "A crise de 1962". E (convém lembrar), muitos daqueles que em Faro apoiaram o Merdock, eram estudantes universitários, em 56/57.
Os pressupostos que levaram a essa crise de 1962, eram basicamente os mesmos que presidiam às reivindicações em Bekerley, nos Estados unidos, em 1961 e que acabaram por transformar-se num poderoso e imparável movimento cívico que conduziu à retirada e à derrota desse país, na guerra do Vietnam. O Maio de 68, como se sabe, também começou por ser um movimento de contestação de estudantes de Paris.
7 comentários:
Os movimentos estudantis sempre tiveram uma força tremenda. Espero que não haja necessidade de serem precisas mais demonstrações disso mesmo. Um abraço!
Não há palavras que consigam encantar-me e rejuvenescer-me
tanto como VERDADE e LIBERDADE
mesmo que proferidas 53 anos depois
dos acontecimentos. Agradeço ao poeta
e escritor Vieira Calado, ter agora conseguido trazer lembranças que, de
todo, se adaptam à "nova" realidade.
Obrigado Al Coutino. regozijo-me com o facto de ter percebido que as coisas foram assim.
Um abraço
Isso é que eram tempos em que as pessoas se uniam por causas. Agora,´é cada um por si.
lembro-me perfeitamente de as policias irromperem pelas escolas e faculdades e levarem tudo a eito - na minha escola um anfiteatro novo ficou destruido , a cantina e secção de folhas foram saqueadas e um estudante morto - Ribeiro Santos!
A Escola esteve vários meses sem abrir com a policia de choque à porta!!!
E por acaso, greentea, lembra-se do ano em que isso foi?
Soube desse assassinato mas,
julgo, só muito depois, porque eu tinha-me pirado para o estrangeiro.
Um abraço
José António Ribeiro dos Santos
+ 12 Outubro 1972 no ISEF Lisboa
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