O LADRAR DO MERDOCK

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(em cima)


Não se assustem com o ladrar do Merdock.
Ele só embirra com polícias, guardas fiscais,
guardas republicanos e outras fardas!...



sábado, 25 de setembro de 2010

O Veterinário

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A saga do Merdock foi um repositório de cenas variadas, muitas delas inesquecíveis.
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Como é sabido, e hoje mais do que naqueles tempos, até um cão é obrigado a cumprir certas obrigações para com a lei (e ombrear com as custas ... ).
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Para libertar o Merdock era necessário pagar uma multa, obter uma licença para usar coleira, ter a respectiva chapa de identificação (uma espécie de cartão de identidade) e ser vacinado.
Relato apenas esta última circunstância (sem grandes preocupações de estilo).
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Foi em frente do antigo Matadouro, hoje Biblioteca Municipal, que o veterinário ministrou as vacinas ao cachorro.
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Num ápice, o homem viu-se rodeado por mais duma centena de liceais mais ou menos esgrouviados, mas ébrios de plenitude, ante a aproximação do momento tão desejado, muitos deles vestindo capa e batina.
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Fizeram espaço para uma roda e acotovelavam-se para assistir ao acto que permitiria o acesso à plena cidadania e liberdade do nosso herói. No fim desse acto quase litúrgico, um dos responsáveis pela manifestação, perguntou quanto era.
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Aí, o veterinário, a voz embargada ao olhar aquela pequena multidão frenética de briosos estudantes, disse que não era nada.
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Que também já fora jovem... usara capa e batina... estudara em Coimbra...
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De imediato soou um arrebatado éférrriá a vitoriar o veterinário e a sua afectuosa e desinteressada colaboração.
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E então não é que o homem chorou, lavado em lágrimas... como uma madalena!...
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         E como haveria eu de ignorar 
         a frágil representação da inocência,
         o puro êxtase dos ritmos da paixão?

sábado, 11 de setembro de 2010

Esta placa comemorativa do cinquentenário do Merdock,
foi descerrada durante um almoço de confraternização
realizado na cantina do antigo Liceu de Faro. 
Não deve haver muitos cães, no mundo,
que tenham semelhante honraria!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

MOÇAS E MOÇOS DO ALGARVE

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“Moços e Moças do Algarve, estudantes nos Anos 50”
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Na sequência de outras crónicas, nomeadamente “As Três Flores de Amendoeira”, já publicadas, para a Galeria VIP, continuam a perfilar-se estórias deveras interessantes... Um dos estudantes elegíveis, foi aluno na Escola Comercial Tomás Cabreira.
Era um rapaz notoriamente sobredotado, oriundo de local próximo de Faro, que se deslocava diariamente para esta escola, onde se distinguia por ser diferente para melhor e por, nas aulas, prestar muita atenção aos ensinamentos ministrados.
Segundo diziam os liceais, estávamos, então, na época do Merdock, mais tarde apodada de Era.
Para quem não saiba, nesse tempo, ainda se falava no Reino do Algarve, sendo de referir que, desde há muito existiam cinco cidades, Faro incluída, quase todas relativamente próximas da orla marítima e, ainda, duas faixas orologicamente distintas vulgarmente denominadas como “barrocal” e “serra”. Daí vinham bastantes moças e moços interessados em melhorar o seu estatuto e cultura, abrindo novos horizontes para o seu futuro através da Escola ou do Liceu.
Alguns pelo seu valor e por mérito pessoal, granjearam lugar destacado na história do Algarve e até mesmo de Portugal.
Ainda se mencionava “o Reino”, porque no decreto que em 1910 proclamou e deu a conhecer a implantação da República, não foi referido o Algarve, mas também porque a moeda régia, até então cunhada, exibia explicitamente Rei de Portugal e dos Algarves (conceito que incluía esta região de beleza cativante e mais uns territórios conquistados à moirama).
Quanto ao rapaz, constava nesse tempo na Tomás Cabreira que, com aquele nível intelectual, postura jovial de lutador imparável e excelente aproveitamento nas aulas ministradas, quando fosse grande, poderia vir a ser Professor ou até Ministro e tornar-se por, mérito próprio, elegível a Presidente do Conselho de Ministros (designação usada nos anos 50) ou alcandorar-se a estatuto ainda mais prestigiante. E, este colega, quando elogiado, sorria com um ar enigmático mas intensamente premonitório.
Merdock era um cão singular
e deu origem, em Faro,
a uma extraordinária
manifestação de solidariedade
que culminou na sua libertação.
Aqui se relembram
os factos e as personagens
envolvidas.
Veja também o meu blog de poesia